Como cuidar da saúde mental e ser rede de apoio a quem precisa?

Redação do Diário

Como cuidar da saúde mental e ser rede de apoio a quem precisa?

Setembro Amarelo é uma campanha de conscientização a respeito da prevenção do suicídio. No Brasil, foi criada em 2015 pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), Conselho Federal de Medicina (CFM) e Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). E, para mais uma vez dar destaque a esse assunto tão importante, a jornalista Fabiana Sparremberger recebeu o psicólogo Diógenes Chaves no Faz Sentido do último domingo, 11 de setembro.

De acordo com Fabiana, trazer à tona o assunto suicídio é sempre muito delicado. Mesmo assim, é necessário informar a respeito do tema, visto que as causas que levam as pessoas a tirarem a própria vida, muitas vezes, podem ser evitadas. Com mais de 25 anos de experiência no jornalismo, ela explica que essa pauta tem como objetivo esclarecer a população que enfrenta esse problema:– Essa é uma questão de saúde pública. Informar significa contribuir com quem sofre com a depressão ou tem alguém próximo nessa situação.

Reflexão

É impossível definir porque alguém perde o sentido da vida. Na verdade, muitas vezes, o objetivo não é deixar de viver, mas se livrar da angústia, da dor, da falta de apoio, da incompreensão, enfim, dos problemas.– Ao não saber lidar com a dor, entende-se que a única saída é “acabar com tudo”. No entanto, há saída. A valorização da vida é um assunto para todos os dias – comenta o psicólogo Diógenes.

Principalmente depois da pandemia, houve um despertamento para o cuidado com a saúde mental. Mas até que ponto isso é uma realidade? Embora muitos profissionais tenham levantado um alerta a respeito disso, índices de depressão e ansiedade aumentaram, conforme pesquisas do mundo inteiro.– Será que as pessoas estão se cuidando da maneira certa? – questiona Fabiana.

Saúde Mental

De acordo com o psicólogo, muitos tentam resolver os problemas sozinhos e evitam a ajuda de um profissional de psicologia.– Ou, então, pedem socorro a pessoas não preparadas e, inclusive, chegam a tomar remédio por conta própria. Os reflexos psicológicos da pandemia ainda se evidenciam em transtornos de depressão, ansiedade e, por consequência, em pensamento suicida – alerta Diógenes.

É fundamental não confundir tristeza com depressão. Fabiana lembra que a tristeza é um dos sentimentos universais do ser humano.– Ficar triste não é fraqueza. O problema é não saber lidar com o sofrimento. E, dentro dessa realidade, amigos e familiares, com intenção de ajudar, usam palavras que podem deixar a pessoa ainda pior – lembra a jornalista.

Já a depressão é uma doença e requer cuidado profissional. A grande diferença entre ela e a tristeza é a duração. É muito importante prestar atenção nos sinais que possam indicar que alguém não está bem.– De repente, a pessoa deixa de fazer o que gostava, não entra mais em contato com os amigos, diz que a vida perdeu a graça e repete que gostaria de sumir. Há outros sinais, sob os quais se deve procurar ajuda – recomenda o psicólogo.

Tratamento

Passar pela avaliação profissional é o primeiro passo na cura da depressão. Na consulta, o psicólogo vai verificar se a depressão é grave, moderada ou leve e, então, encaminhar o tratamento. Se necessário, o paciente será encaminhado a um psiquiatra, segundo Diógenes:– Iniciamos o acompanhamento comportamental, mas, se o paciente estiver com a neuropsicologia deficitária, vai precisar de medicamento. São estes os casos em que não adianta usar frases de apoio. Se a pessoa estivesse bem, ela já teria feito tudo o que é recomendado: “aproveita a vida”, “tenha mais fé”, “faça uma viagem”, “erga a cabeça”, entre outras. Ela sabe que isso é bom, mas a doença não deixa ela ir adiante.

Empatia

Para Fabiana, “oferecer o ombro” sem criticar ou tentar resolver a situação pode ser a principal ajuda nas horas difíceis.– Aprendi no CVV (Centro de Valorização da Vida) que precisamos colocar os “óculos do outro” para enxergar a partir da perspectiva de quem não está bem. Precisamos dar acolhimento sem julgar ou emitir opinião – comenta a apresentadora.

Mas a empatia vai além de se colocar no lugar do outro. Afinal, é impossível sentir o que a outra pessoa sente, por mais que se tenha boa intenção. Ser empático é ter afeto pelo sofrimento alheio.É fundamental, mais do que nunca, perder o hábito de relativizar a dor das pessoas.– Quando uma pessoa tem fobia de algodão, não significa que o problema é o objeto. A dor está relacionada ao significado desse elemento – explica o psicólogo.

Faça Perguntas

O processo de acolhimento exige sensibilidade e afeto, e isso se efetiva na capacidade de fazer perguntas e saber ouvir. Ao responder às questões do interlocutor, a pessoa com depressão ou ideação suicida consegue elaborar, por si mesma, as possíveis soluções para aquela dor.– Quando ela percebe que fizemos o exercício da empatia e nos esforçamos para ajudá-la, a pessoa se sente melhor. A escuta é elemento de cura – acrescenta a jornalista.

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Puxe o Freio

Ganhar tempo, fazer perguntas e ajudar a pessoa a enxergar os dois lados da situação é um dos exercícios que o psicólogo usa ao atender pessoas que perderam a vontade de viver. Para ele, colocar dúvidas que levem o paciente a “puxar o freio de mão” pode significar uma vida restaurada.– Minha primeira ação é colocar dúvida e fazê-lo repensar a decisão. Para isso, apresento questões como: “e se não adiantar”, “e se o sofrimento não acabar?” , “e se você ficar com uma dor ainda maior”?

Fabiana reforça que a maioria das pessoas não quer morrer e, sim, parar de sofrer.– Elas querem se livrar da dor. É como quem toma uma anestesia contra o sofrimento. Elas só querem (e precisam) fugir de uma situação que lhes causa muita dor – avalia ela.

Vozes

Na ideação suicida, é comum o relato de que vozes aconselham as pessoas a tirarem a vida. No entanto, conforme Diógenes, são as mesmas vozes que depreciam suas vítimas: “você é um lixo”; “você não consegue”, “sua vida não vale nada”.– Eu pergunto o quanto essas vozes merecem credibilidade. Como alguém que o agride pode sugerir o que você deve fazer? – pondera o psicólogo.

De acordo com a jornalista, espiritualidade e ciência devem e podem andar de mãos dadas nas questões humanas. Deixar de lado preconceitos é o ideal para cuidar da saúde mental e emocional. Consultar um psicólogo e psiquiatra, tomar as medicações prescritas e exercitar a fé são passos necessários na busca por qualidade de vida.

Nem terapia nem medicação causam dependência, visto que a melhora que elas oferecem é gradativa, requer tempo e têm como objetivo conduzir o paciente à autonomia.– Medicamentos não são viciantes, isso é um medo que prejudica muito quem precisa de ajuda. Não se recomenda interromper qualquer tratamento por conta própria. Na verdade, isso é perigoso – explica o psicólogo.

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